Janeiro/2013
É comum, muito comum, ouvir as pessoas em geral fazerem certos julgamentos sobre as características de comportamentos de outras pessoas, e de si mesmos, enquadrando essas pessoas, e a si próprios, em determinadas categorias como, esperto, ou lerdo; comprometido, ou desinteressado; esforçado ou desleixado; etc. Pior, tratam as pessoas, e a si mesmos, como se tivessem nascido assim e fossem morrer assim.
O fato real é que nosso padrão do comportamento atual, nossa chamada personalidade, vem sendo desenvolvido desde o momento em que saímos da barriga da mamãe. A partir de nosso nascimento começamos a nos relacionar com o meio físico e social a nossa volta e, com isso, vamos incorporando formas de comportamento que nos levam a sentimentos mais agradáveis e descartando aqueles que nos prejudicam. Assim, vamos fortalecendo em nosso padrão aquelas formas de conduta que mais nos proporcionam bem estar.
Esse processo natural de educação e formação contínua molda ao longo do tempo certos padrões de conduta que mais utilizamos em nosso dia a dia frente às diferentes características ambientais nas quais vivemos hoje. Com o passar do tempo vamos concretizando esses padrões pela sua utilização contínua, mesmo que em alguns ambientes eles não produzam as consequências desejadas que produzem em outros.
Essa é a grande perversidade de nosso passado. Se, por exemplo, em nossa infância, nossas iniciativas de praticar comportamentos mais criativos, como tocar um instrumento, provocou consequências desagradáveis como chacotas dos amigos e críticas desestimulantes dos nossos pais, provavelmente tenhamos desistido dessas habilidades e reduzido nossas iniciativas de criar algo novo. E, com isso desenvolvido certos medos de criar algo e correr o risco ambiental dessa criação. O contrário também é verdadeiro! Se em nossa infância nossas iniciativas de ler uma pequena estória em quadrinho provocaram consequências agradáveis, como elogios dos pais e amigos, provavelmente tenhamos desenvolvido nossa prática de ler mais, buscar conhecimentos e melhorar nosso raciocínio. E, com isso desenvolvemos práticas cotidianas baseadas em nossas habilidades de utilizar nosso raciocínio e nossa iniciativa de buscar novos conhecimentos. Desenvolvemos nossa coragem de correr os riscos ambientais dessas práticas. Essas relações ocorridas no nosso passado determinam padrões que utilizamos agora!
Dessa forma, a criança que ouviu muito de seus pais que tinha de ser sempre a primeira em tudo, que foi muito criticada quando não conseguia o primeiro lugar, que foi muito premiada por ser bastante competitiva, pode se tornar um adulto extremamente ambicioso e muito agressivo. Com muitas dificuldades para trabalhar em equipes e de conduzir pessoas a altos patamares de resultados.
Estamos condenados ao padrão de comportamentos que fomos desenvolvendo ao longo de nossa existência!
Não, há uma luz no final do túnel. Esse padrão de comportamento não está acabado e sedimentado, ele continua sendo modificado em nosso relacionamento minuto a minuto com o meio ambiente em que vivemos. Isso significa que padrões de comportamento que não produzem as consequências agradáveis que desejamos em um determinado ambiente é forçado a ser interrompido para dar lugar a outro conjunto de comportamentos capaz de produzir consequências mais agradáveis. O processo de educação e formação, que se inicia no nosso nascimento não para. Ele é um processo contínuo que vai modificando o nosso comportamento a cada minuto de nosso dia. Por isso costumamos dizer que aprendemos todos os dias!
Essas modificações de contínuas em nosso comportamento são resultantes da pressão do ambiente em que vivemos, dos raciocínios que produzimos e das emoções que sentimos com as consequências da práticas desses comportamentos. Isso significa que se não fizermos um esforço para praticar os comportamentos mais inteligentes e direcionados aos nossos desejos, e que possam nos trazer mais felicidade, o ambiente se encarregará de nos levar a comportamentos que ele provoca. Não há neutralidade.
Por outro lado, cada um de nós também provoca modificações no comportamento das pessoas a sua volta, já que somos o ambiente dessas pessoas. Em organizações empresariais isso é crítico porque todos influenciam o comportamento de todos. Principalmente as pessoas em posição de chefia que têm o poder e a responsabilidade de conduzir o comportamento de seus subordinados. Essas pessoas podem estar levando seus subordinados a comportamentos mais contributivos, ou mais prejudiciais, para si próprios e para a organização.
Considerando e analisando tudo o que falamos aqui, sair dessa perversidade requer coragem para questionar seus próprios comportamentos em relação às consequências que estão provocando para você mesmo e para os outros. Requer a busca, criação ou a identificação de formas de comportamento mais contributivas e correr o risco de praticar esses novos comportamentos. Deixando de praticar os comportamentos prejudiciais e forçando a prática de comportamentos mais contributivos com seus desejos. Mantendo uma espiral contínua de modificações objetivas, racionais e emocionais de seus comportamentos, a partir da observação de suas consequências para si própria e para as outras pessoas a sua volta.
É como manter o peso em um patamar desejado. Você precisa parar de comer certos alimentos, passar a comer outros, se pesar para perceber seus avanços e, fazer isso todos os dias de sua vida!
É um processo que não para nunca!
Lauter F. Ferreira
Ayres & Ferreira Ltda.
Melhorando a Performance Humana
lauterferreira@ayreseferreira.com.br