O Gestor Iniciante

Abril/2015

Muitos gestores promovem profissionais operacionais da base ao seu primeiro posto de supervisão com a esperança de que esses profissionais, bem sucedidos em suas atividades operacionais, sejam capazes de conduzir uma equipe na busca por altos patamares de realizações. Fazem isso com o desejo, legítimo, de ver as habilidades e resultados de um bom operador se multiplicar por toda a equipe.

Mas, infelizmente, isso, na maioria das vezes, não acontece! Apenas a esperança, a força de vontade do profissional e do gestor e, o sucesso operacional anterior não basta! O sucesso operacional que fez de um profissional um candidato a um cargo de gestão não garante nada de seu futuro como gestor.

O fato é que, quando um sujeito deixa uma função operacional e assume uma função de gestão, tudo muda!

–     Enquanto profissional operacional este sujeito pertencia a um grupo de pessoas que o consideravam colega de trabalho e, em muitos casos, amigo e confidente. Agora, essas pessoas se tornaram subordinados. Assim, esse profissional deixou de ser visto como um colega, amigo e confidente e passou a ser encarado como o “chefe”. Portanto ele mudou de lado na mesa!

–     Por outro lado, este profissional recém-promovido, era responsável, até então, apenas por seus comportamentos e resultados. Agora ele passa a ter subordinados. Ele, agora, é o responsável pelos comportamentos e resultados da equipe toda. Os seus resultados são a somatória dos resultados de sua equipe.

–     Enquanto profissional operacional este sujeito, às vezes, nas rodas de conversa falava mal da empresa e de seu chefe às escondidas. Agora ele é o chefe, e é o representante da empresa perante sua equipe. Se observar ou ouvir algo errado ele tem de achar um jeito de concertar. Ele é o responsável!

–     Enquanto profissional operacional ele recebia e cumpria ordens, limitando-se apenas a dar algumas ideias de vez em quando. Agora ele é o chefe, portanto é a pessoa que “manda”, ele é quem diz quem deve fazer e o que! Ele tem de achar soluções!

–     Os desejos de seus superiores modificaram-se. Até então eles olhavam esse profissional apenas como um operador e esperavam que ele cumprisse com suas atividades e conseguisse os resultados esperados. Agora, esses mesmos gestores passam a esperar que este profissional recém-promovido cuide do trabalho de toda uma equipe, não somente do seu!

–     Enquanto profissional operacional, este sujeito tinha amplo controle e segurança sobre seu trabalho. Tinha todo conhecimento de que precisava e executava suas funções com maestria. Agora ele inicia um trabalho que nunca executou, do qual nada conhece e tem apenas uma vaga ideia do que seja.

–     Até então, como profissional operacional, este sujeito era uma pessoas comum. Como todos os outros profissionais operacionais ele era quase invisível. Agora ele está sob os holofotes. Ele passou a ser observado com mais frequência e riqueza de detalhes por todas as pessoas a sua volta: Seus chefes, seus subordinados, seus “colegas”, outros gestores, sua família, etc.

Poderia listar aqui mais algumas transformações, mas acredito que essas já bastam para que fique claro que esse gestor iniciante precisa muito mais do que apenas a confiança de seus superiores, sua boa vontade e motivação para dar certo como um novo personagem no grupo de gestores.

É necessário deixar claro que comportamentos e resultados são esperados dele e, por consequência, de sua equipe. É preciso acompanhar seus passos iniciais, elogiando acertos e corrigindo comportamentos que não produzem consequências satisfatórias. É preciso ouvir suas dificuldades e ajuda-lo a encontrar caminhos mais promissores. É preciso ensinar como dirigir sua equipe de forma a construir pessoas de alta performance e não destruir o que de bom já existe. É preciso ensinar e acompanhar a prática de uma metodologia de gestão clara e eficiente que lhe proporciona segurança em suas práticas de gestão.

Em palavras mais claras e objetivas, é necessário todo um processo de reeducação de comportamentos como um todo. Não de “sala de aula”, mas no calor da experiência diária no seu dia a dia!

Por fim, é necessário que ele seja orientado na prática de uma metodologia de gestão eficaz, seja amparado e monitorado por seus gestores até que consiga alçar voos mais altos com suas próprias pernas.

Pense nisso!

LAUTER F. FERREIRA
AYRES & FERREIRA LTDA.
Psicólogo – CRP-06/09138-0
Autor dos livros “Construindo Equipes de Alta Performance”,
“Alta Performance: Sete Forças Sob Sua Pele”.
lauterferreira@ayreseferreira.com.br
www.ayreseferreira.com.br