Junho/2018
Até onde posso me lembrar, já no ano 400 a.C. Heráclito, um filósofo grego, afirmava que o mundo é movimento. Tudo está se modificando o tempo todo. Dizia ele que você não pode entrar no mesmo rio duas vezes porque as águas já passaram e na segunda vez já são outras. E você também já não é mais o mesmo, no mínimo suas células já estão um pouco mais velhas. Com isso Heráclito também falava de conectividades e interdependência. Dizia ele que o negro só existe pela existência de outras cores. A doença pela existência da saúde. A fome pela saciedade. E assim por diante…
Reforçando as afirmações de Heráclito, e acrescentando novos conhecimentos, Antoine Lavoisier, filósofo no século 18, afirmava que no universo natural “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. A natureza modifica suas características na medida em que se relaciona com seu ambiente o tempo todo, criando nova configurações.
Charles Darwin, no final do século 19 propunha a teoria da seleção natural. Darwin observou que aqueles animais mais capazes de se adaptar ao meio em que vivem teriam maior probabilidade de sobrevivência. Demonstrando a evolução natural por meio de modificações anatômicas e comportamentais em uma escala de evolução. Segundo suas palavras, o homem não é melhor do que qualquer outro animal, é apenas o que tem melhor capacidade de se modificar se adaptar às transformações em seu habitat.
No início do século 20 um biólogo austríaco, Ludwig von Bertalanffy, publicou sua pesquisa mais importante colocando à luz uma verdadeira revolução no conhecimento e na forma de encarar a natureza. Bertalanffy demonstrou que todos os fenômenos da natureza estão conectados, se modificando e influenciando um ao outro o tempo todo. A partir de suas pesquisas ele montou o conceito de sistema: um todo, formado por diversas partes que interagem e interdependem entre si de tal forma que a alteração, a mudança, em qualquer uma das partes modifica o todo. Sua frase mais famosa, “Uma borboleta batendo as asas nos Andes pode causar uma avalanche no Himalaia” se tornou um guia de atuação para milhares de profissionais de todas as áreas no mundo todo.
Eu poderia descrever ainda os trabalhos de muitos outros cientistas e pensadores, tanto da antiguidade quanto contemporâneos, para alertar o fato mais evidente, mas muito assustador, e que poucos conseguem utilizar em sua vida prática, de que na natureza, inclusive humana, a estabilidade não existe! A regra é a de que mudanças, transformações, e agora disrupções, são a essência da vida.
O que chamamos de mudanças, ou transformações, não é um bicho papão escondido atrás da porta esperando um momento de dar seu bote, mas é um fenômeno natural e universal, que ocorre a cada segundo, com todos os elementos que compõe esse eco sistema universal. Todos os seres animais e minerais fazem parte de um único todo que se modifica a todo instante, em suas mínimas partes e sem interrupções!
Portanto, quando surge um grande e novo paradigma, capaz de provocar uma enorme modificação na forma de se comportar do conjunto da sociedade, na verdade ele foi se desenvolvendo silenciosamente ao longo do tempo, manipulado e acompanhado por poucas pessoas até se tornarem um novo modo de vida.
Considerando todos esses fatores, milhares de transformações estão ocorrendo nesse momento, em todos os cantos, influenciadas por modificações que estão ocorrendo no ambiente a sua volta, praticadas por todas as pessoas que fazem parte da organização que você dirige. Ou pensa que dirige!
Como bem afirmou Peter Druker, “Melhor maneira de prever o futuro é cria-lo” e a primeira, e fundamental, providência que qualquer pessoa deve fazer para criar seu futuro é mudar seu modelo mental. Sair do modelo comum no qual acha que poderá manter as operações estáveis, para um modelo em que é necessário questionar e buscar novas formas a cada momento e em todas as situações. Mesmo que essas novas formas sejam pequenas modificações. De pequenas em pequenas alterações constroem-se grandes e novos paradigmas.
Se você tem a incumbência de dirigir uma organização, não importa seu tamanho, comece a trabalhar com o paradigma de que seu trabalho é orientar e fornecer recursos para que todas as pessoas exerçam de forma estruturada e objetiva seu poder de criar um futuro melhor a cada instante. Seu trabalho é fomentar transformações inteligentes e contributivas. Pequenas disrupções, a cada minuto, em todos os cantos e com todas as pessoas!
Para terminar quero deixar mais uma frase de Peter Druker que considero oportuna nesse contexto: “A solução dos problemas apenas restaura a normalidade. Explorar oportunidades significa explorar novos caminhos”.
Pense nisso!
LAUTER F. FERREIRA
AYRES & FERREIRA LTDA.
Psicólogo – CRP-06/09138-0
Autor dos livros “Construindo Equipes de Alta Performance”,
“Alta Performance: Sete Forças Sob Sua Pele”.
lauterferreira@ayreseferreira.com.br
www.ayreseferreira.com.br