Home office e alta performance

outubro/2021

Os tempos de pandemia fizeram crescer de forma exponencial o volume de profissionais trabalhando em casa de forma remota e todo o mercado de equipamentos, móveis e facilidades necessárias para essa atividade.

No princípio houve grande período de adaptação dos dois lados da mesma moeda.

De um lado, Profissionais tiveram de organizar suas residências: local físico; isolamento da família, amigos e vizinhos; agenda com horários bem definidos para trabalho e outras atividades; acordos com esposas, marido e filhos para respeito mútuo a essa agenda e, fundamentalmente “disciplina e esforço” para resistir às tentações ambientais de deixar a atividade laboral e partir para atividades outras no mesmo horário reservado para o trabalho. Enfim, uma modificação radical no conjunto comportamental de um indivíduo, exigindo a abdicação de determinados padrões de conduta e a prática de outros padrões no mesmo ambiente onde o padrão anterior era normalmente praticado.

Por outro lado, líderes/gestores de empresas também modificaram seus padrões de conduta, fornecendo todo tipo de facilidades para que os profissionais pertencentes a suas empresas/equipes pudessem executar suas tarefas à distância, fazendo reuniões esporádicas por meios remotos, reduzindo as áreas físicas de trabalho, desligando e, e muitos casos, até vendendo equipamentos e locais.

No princípio foi uma correria, emoções a flor da pele, custos aumentando, demissões etc. Durante o ano de 2020 os comportamentos foram se estabilizando, muitos profissionais se adaptaram ao trabalho em home office e muitos líderes se acostumaram a conversar apenas o suficiente com os membros de sua organização. Poucos, muito poucos, se preocuparam com a questão da performance, ou desempenho. Mesmo porque, no cenário de pandemia, todos os mercados nacionais e internacionais retraíram a extremo e tudo encolheu. Não havia porque falar em liderança, gestão de performance em um contexto extremamente recessivo. A grande maioria dos gestores de equipes e organizações fez o que pode… Como se diz na gíria “Se virou como pode”.

Mas a realidade está se modificando. A partir do início de 2021, com avanço das vacinas e a melhoria da saúde coletiva os mercados voltam à sua dinâmica econômica e o debate volta à pauta. Muitos profissionais se adaptaram e não querem mais voltar ao “escritório”. Muito gestores querem ver sua equipe por perto alegando dificuldade em avaliar a performance à distância, já que esse acompanhamento foi desprezado e muito poucos gestores desenvolveram metodologias capazes de liderar de forma eficiente mesmo à distância.

Nesse debate tenho observado alguns conceitos sendo colocados em prática equivocadamente considerando as últimas descobertas da ciência do comportamento que é necessário rever.

Performance, ou desempenho, é uma palavra que significa dois fenômenos inseparáveis: O comportamento e suas consequências. Portanto medir desempenho apenas por meio dos resultados sem se preocupar com comportamentos é cuidar de apenas metade do sistema.

Comportamentos são praticados continuamente! Sem intervalos entre um e outro. Assim, resultados também são produzidos continuamente, sem intervalos.

O modelo mental de liderança e gestão. O que os líderes/gestores pensam sobre desempenho precisa sair do modelo comum :“medir os resultados e pressionar por suas melhorias no final de determinados períodos”, e migrar para a inovadora modificação contínua de comportamentos considerando ambientes de negócios sempre diferentes.

Comportamentos humanos se modificam a cada segundo. Você que está lendo este texto já está modificando seus pensamentos e, certamente suas atitudes e resultados futuros.

Indicadores de performance mostram o passado, conhecimentos novos e comportamento novos é que desenham e realizam novos futuros. Assim, indicadores servem apenas para avaliar o caminho passado, a inteligência aliada a novos conhecimentos produz comportamentos novos capazes de provocar resultados novos.

Por último…. Foco no comportamento!

O principal trabalho de qualquer gestor de organizações e equipes, principalmente de primeira linha, é educar pessoas para alta performance!

Como já escrevi em outros textos… Estamos no momento de revitalizar o sistema organizacional. Este final de ano é o período mais adequado para repensar e desenhar um modelo de gestão de performance fundamentado na ciência experimental do comportamento, com confiança nos procedimentos e segurança dos resultados, que evolua continuamente em sua relação com o ambiente social e econômico que se avizinha.

Momento de criar bases comportamentais de liderança e operação para evoluir em 2022!

LAUTER F. FERREIRA
AYRES & FERREIRA LTDA.
Psicólogo – CRP-06/09138-0
Autor dos livros “Construindo Equipes de Alta Performance”,
“Alta Performance: Sete Forças Sob Sua Pele”.
lauterferreira@ayreseferreira.com.br
www.ayreseferreira.com.br